Poucos
nomes no mundo dos vinhos evocam tanto respeito e reverência quanto o de Domaines Barons
de Rothschild (Lafite). Embora existam registros anteriores a este, sabe-se que
o vinho Lafite é comercializado desde o início do século XVIII na cidade de
Londres.
Em
1968, o Barão James de Rothschild comprou o Château Lafite, posto à venda pela
família de Ignace-Joseph Vanlerberghe, mas veio a falecer três meses depois da
aquisição. Seus três filhos: Alphonse, Gustave e Edmond iniciaram então os
trabalhos, tendo 74 hectares de vinhedos à disposição.
Foi
nesse mesmo ano que a produtora alcançou um feito inédito para o século,
vendendo o barril ao preço recorde de 6.250 francos (algo em torno de 4.700
euros atuais). Por sorte, de principiantes talvez, essa boa fase durou por
cerca de 15 anos ininterruptos, responsável por torna-lo um dos melhores produtores da França.
Em
1707, os Lafite eram mencionados regularmente na London Gazette, quando navios
mercantes foram capturados por corsários ingleses e pela Marinha Real em plena
guerra de sucessão espanhola. Na época eram descritos como os “Novos Clarets
Fanceses”. Já em 1733, o então primeiro-ministro Robert Walpole comprava um
barril de Lafite a cada três meses, antes mesmo do interesse por vinhos tintos de Bordeaux começar a se manifestar na
própria França.
No
final do século XIX e início do XX a sorte mudou e uma série de fatores, como a
crise da praga filoxera, o desenvolvimento de oídio nas vinhas, algumas fraudes
nas composições dos vinhos e a Primeira Guerra Mundial, além da Grande
Depressão, passaram a influenciar negativamente a vida da vinícola, até meados
de 1930.
Sob domínio
alemão durante a Segunda Grande Guerra, a vinícola foi desapropriada e somente
voltou às mãos da família Rothschild em 1945, quando esta e a safra de 1947 e
1949 deram uma nova esperança aos seus proprietários.
Os
anos de 1960 consolidaram o renascimento da Lafite, graças à abertura de
mercados, especialmente nos Estados Unidos. Seus vinhos voltaram a fazer
sucesso e os preços começaram a se elevar mais uma vez. Já nos anos 1980 e
1990 as safras foram espetaculares (1982, 1986, 1988, 1989 e 1990, além de
1995 e 1996) e reconhecidas em todo o mundo como umas das melhores de todos os
tempos.
Desde
2000 a 2010 houve uma sucessão de safras extraordinárias, graças a um clima
mais seco e a um bom crescimento vegetativo. O Médoc Réserve Spéciale 2010 é um
dos exemplares desse mítico produtor que vale a pena conhecer. Uma cuvée
especial elaborada em Bordeaux com grande tipicidade e caráter do Médoc, é
elegante e equilibrado, com boa fruta, um toque aristocrático e excelente
relação qualidade e preço.